Então, levou 4x2 taças de comida para chegar de Budapeste ao Porto. A Mázli esteve a dormir durante praticamente todo o caminho, como sempre. Ela diz que o carro a embala de uma forma muito agradável. Não concordo nada. Não embala, sacode. E nunca sabes o que é que pode acontecer a seguir. Ainda por cima, fui levada de carro para o abrigo de animais... então, é melhor ficar alerta nos carros.
De qualquer forma, o primeiro dia da nossa viagem não foi assim tão mau. Passamos a noite com uns amigos das minhas humanas que moram perto da fronteira húngaro-eslovena. Têm um enorme jardim maravilhoso, e na vizinhança há ovelhas e frangos aos quais podemos ladrar tanto quanto quisermos. E, muitíssimo importante, eles são pessoas muito decentes que sabem muito bem (ao contrário das minhas humanas impossíveis!!) que o melhor pedaço dos seus pratos deve ir para as cadelas/os cães que esperam a seus pés.
No dia seguinte, começou a viagem propriamente dita. Durante horas a fio, andamos para cima e para baixo na Eslovénia. Quando finalmente paramos, já estávamos em Itália. A primeira paragem foi simplesmente horrível. Havia uma tempestade que nos perseguia quase tão rápido como eu persigo as bolas. Fizemos o que tínhamos de fazer, depois imediatamente saltamos para o carro e arrancamos tão rapidamente quanto possível, porque a trovoada estava quase a apanhar-nos. Já disse que detesto trovoadas???
Felizmente, conseguimos ser mais rápidas do que a chuva, mas entramos numa ventania e durante todo o dia estivemos a conduzir com forte vento lateral. No entanto, pior do que a tempestade foi a gritaria das minhas humanas. Eu, obviamente, só choramingava, decentemente, de tempos a tempos, quando ficava demasiado aborrecida. Mas elas não conseguiam parar de praguejar quando um camião ultrapassava outro que, ao mesmo tempo, estava a ultrapassar um autocarro...
Era tarde e estava escuro quando finalmente chegamos a um lugar chamado Savona. Aqui as pessoas foram extremamente amáveis connosco. Logo à chegada, no check-in, recebemos esfragadelas na orelha e festinhas, e, mais importante ainda, tivemos direito a um jantar divino num pub ali perto. Um homem muito gentil serviu-nos antes das nossas humanas, e alimentou-nos à mão! Ele repetia «calma» e «piano», mas estou certa de que foi pão sem nada o que ele nos deu. De qualquer forma, era muito saboroso. Também recebemos um bocado muito pequeno de uma tipo peixe, coisa cor-de-rosa. As minhas humanas disseram que era camarão. No início não o queria provar (já mencionei que não sou grande admiradora de novidades?), mas obviamente a Mázli engoliu sem mastigar. No final, também experimentei. Acho que é possível habituar-me…
Na manhã seguinte, fomos à praia dar um passeio. Nunca tinha visto tanta água em toda minha vida! Foi fabuloso! Havia uma grande seleção de petiscos de peixe na costa, areia fofa espetacular, ótima para correr e rebolar, e as ondas faziam cócegas nas minhas patas. Passei um bocado surpreendentemente bom, embora normalmente não seja uma grande fã de água.
Infelizmente, foi só um passeio curto, mas as minhas humanas disseram-me que nós íamos rumo a uma água ainda maior, o oceano. Considero-me uma cadela razoavelmente inteligente, mas não consegui imaginá-lo, tenho de confessar.
Então voltamos para o carro e começou de novo o tremor e a viagem. Estávamos agora a caminho de um lugar chamado França...
Comments